Então o meu primeiro beijo, beijo mesmo, daquele
digno de ser lembrado foi numa boate no Grajaú Country Clube que minha mãe só
permitiu que eu fosse porque o pai de uma das amigas que iriam também garantiu
que ficaria de olho em nós.
Não lembro qual era a minha idade precisamente, só
sei que foi antes dos 13 e depois dos 11.
Lembro que estávamos fechadas em um círculo no meio
da pista olhando a nossa volta pesquisando os meninos e lembro que nenhum deles
me agradou, achei todos muitos pirralhos, imaturos e esnobei um monte. Eu me
achava ahahha.
Até que em uma determinada hora – entre sete e nove
horas – a boate era tipo matinê, a porta se abriu como uma cortina de teatro e
na pista adentrou uma linda figura alta, com um jeito maduro de ser vestindo
uma blusa branca que acendeu mais ainda com a luz negra refletindo nela. Ele
tinha os cabelos louros e longos. Ele era linnnnnnndddddoooooo.
Mas como ele encaminhou-se para um outro grupo onde
havia outras meninas achei que não tinha chance alguma e esqueci da sua
existência e continuei com minhas amigas papeando e rezando para outro menino
lindo aparecer..
Lá pela metade do baile uma voz viajou pelo meu cangote perguntando se eu queria
dançar.Me virei imaginando que seria qualquer um daqueles pentelhos e pronta
para dizer não quando para minha surpresa era ele, o príncipe alto, louro e de
branco.
Claro que eu disse sim e fomos dançar. Respirações
ofegantes, cantoria da música sem saber bem a letra em inglês para disfarçar
nos cangotes não adiantaram, até ajudaram para um gran finale, um beijo na boca
e um beijo de língua!!!!, enfim tinha chegado o momento tão esperado! Eu
precisava saber se realmente era ruim beijar na boca ( uma outra amiga vomitou
de nojo depois que beijou seu primeiro “namorado”), eu achei isso estranho, mas
fiquei receosa de me decepcionar.
Enfim lá estava eu sendo beijada na boca no meio da
pista, na frente das minhas amigas, a glória e eu não estava enjoando!!!!! No
meio do meu devaneio, naqueles braços fortes cobertos por um tecido macio onde
a luz negra incrementava toda a magia, quando eu estava galopando ao vento de
encontro ao meu imaginário levei um cutucão no ombro.
Ignorado veementemente o cutucão intensificou quase furando meu ombro.
Não acreditando ignorei novamente e continuei presa
a boca do meu gato. Eu achando que era uma das minhas amigas querendo me
derrubar.
Foi quando ouvi meu nome ser pronunciado por uma voz
masculina.
Rolei do castelo caindo na real e ele também
percebendo que a farra tinha sido interrompida afrouxou a maxila e me deixou
ir.
Quando eu olhei para o lado cutucado qual não foi
minha surpresa!!! Só faltou eu chorar. O pai da minha amiga, aquele que jurou
para a minha mãe que não ia tirar o olho de mim, muito indignado e com certeza arrependido de ter me levado me
perguntou: Onde está a Marta? Marta era a filha dele que também já estava
embrenhada em outra boca.
Eu atônita e imaginando o que ele ia contar para
minha mãe respondi que não sabia, então ele me pegou pela mão e me tirou dos
braços do meu príncipe. Meu príncipe ainda disse: Semana que vem vou vir
novamente a gente se encontra de novo,
mas eu fui dedurada pelo pai chatonildo da minha amiga e nunca mais
voltei na boate e nunca mais vi meu príncipe que adentrou pela porta da boate
como um cavalheiro da Távora Redonda.
O que ficou de bom é que adorei esse esporte e
graças a Deus não tive alergia nem enjôo em nenhum beijo que veio depois.
Valeu menino da blusa branca que nem o nome eu sei,
nunca soube, mas passou pela minha vida com uma missão super importante.
E você? Quando e como foi seu primeiro beijo?