quinta-feira, 4 de julho de 2013

PRIMEIRO BEIJO



Então o meu primeiro beijo, beijo mesmo, daquele digno de ser lembrado foi numa boate no Grajaú Country Clube que minha mãe só permitiu que eu fosse porque o pai de uma das amigas que iriam também garantiu que ficaria de olho em nós.
Não lembro qual era a minha idade precisamente, só sei que foi antes dos 13 e depois dos 11.
Lembro que estávamos fechadas em um círculo no meio da pista olhando a nossa volta pesquisando os meninos e lembro que nenhum deles me agradou, achei todos muitos pirralhos, imaturos e esnobei um monte. Eu me achava ahahha.
Até que em uma determinada hora – entre sete e nove horas – a boate era tipo matinê, a porta se abriu como uma cortina de teatro e na pista adentrou uma linda figura alta, com um jeito maduro de ser vestindo uma blusa branca que acendeu mais ainda com a luz negra refletindo nela. Ele tinha os cabelos louros e longos. Ele era linnnnnnndddddoooooo.
Mas como ele encaminhou-se para um outro grupo onde havia outras meninas achei que não tinha chance alguma e esqueci da sua existência e continuei com minhas amigas papeando e rezando para outro menino lindo aparecer..
Lá pela metade do baile uma voz viajou pelo  meu cangote perguntando se eu queria dançar.Me virei imaginando que seria qualquer um daqueles pentelhos e pronta para dizer não quando para minha surpresa era ele, o príncipe alto, louro e de branco.
Claro que eu disse sim e fomos dançar. Respirações ofegantes, cantoria da música sem saber bem a letra em inglês para disfarçar nos cangotes não adiantaram, até ajudaram para um gran finale, um beijo na boca e um beijo de língua!!!!, enfim tinha chegado o momento tão esperado! Eu precisava saber se realmente era ruim beijar na boca ( uma outra amiga vomitou de nojo depois que beijou seu primeiro “namorado”), eu achei isso estranho, mas fiquei receosa de me decepcionar.
Enfim lá estava eu sendo beijada na boca no meio da pista, na frente das minhas amigas, a glória e eu não estava enjoando!!!!! No meio do meu devaneio, naqueles braços fortes cobertos por um tecido macio onde a luz negra incrementava toda a magia, quando eu estava galopando ao vento de encontro ao meu imaginário levei um cutucão no ombro.
Ignorado veementemente o cutucão intensificou  quase furando meu ombro.
Não acreditando ignorei novamente e continuei presa a boca do meu gato. Eu achando que era uma das minhas amigas querendo me derrubar.
Foi quando ouvi meu nome ser pronunciado por uma voz masculina.
Rolei do castelo caindo na real e ele também percebendo que a farra tinha sido interrompida afrouxou a maxila e me deixou ir.
Quando eu olhei para o lado cutucado qual não foi minha surpresa!!! Só faltou eu chorar. O pai da minha amiga, aquele que jurou para a minha mãe que não ia tirar o olho de mim,  muito indignado e com certeza arrependido de ter me levado me perguntou: Onde está a Marta? Marta era a filha dele que também já estava embrenhada em outra boca.
Eu atônita e imaginando o que ele ia contar para minha mãe respondi que não sabia, então ele me pegou pela mão e me tirou dos braços do meu príncipe. Meu príncipe ainda disse: Semana que vem vou vir novamente a gente se encontra de novo,  mas eu fui dedurada pelo pai chatonildo da minha amiga e nunca mais voltei na boate e nunca mais vi meu príncipe que adentrou pela porta da boate como um cavalheiro da Távora Redonda.
O que ficou de bom é que adorei esse esporte e graças a Deus não tive alergia nem enjôo em nenhum beijo que veio depois.
Valeu menino da blusa branca que nem o nome eu sei, nunca soube, mas passou pela minha vida com uma missão super importante.
E você? Quando e como foi seu primeiro beijo?

Hilzia Elane 2013 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

O SA-PATO E A PATA

Um sapato de couro, com o solado próprio para deslizar na pista a cada compasso da música foi o presente naquele natal.
A reação foi a mais incrédula para ela. 
Ele achou ruim e em alto e bom tom vociferou que não gostou dela ter gasto seu dinheiro com um presente para ele. 
Indignado como se ela o tivesse traído saiu da sala e a deixou na companhia dos olhos curiosos e surpresos dos outros convidados da festa em família.
Na inocência dos traídos, mal sabia ela que ele já tinha decidido deixá-la e que dar à ele algo que o levaria saltitante para os braços de sua amante o deixou não com raiva e sim com a culpa dos covardes, pois tramava pelas costas um modo de se ver livre daquela companheira que sempre esteve ao seu lado.

Hilzia Elane

JUNHO 2013

sábado, 1 de dezembro de 2012

QUANDO A PAIXÃO ACABA DEPOIS DOS 40 ANOS



QUANDO A PAIXÃO ACABA DEPOIS DOS 40 ANOS 
Categoria: Paixão // Autoria: Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva




Sempre tive a mais absoluta convicção que o término de uma paixão era sempre algo doloroso com tons fortes de desespero. Todas as paixões que tive e as que pude observar nos amigos e pacientes confirmaram este aspecto destruidor da paixão acabada. 

Tal era esta certeza que ao viver ou ver alguém nesta triste situação, vinha-me logo a mente a frase da cançãoDe frente pro crime, de João Bosco e Aldir Blanc: "ta lá o corpo estendido no chão!" A paixão é algo tão preenchedor em nossas vidas que, ao experimentá-la por inteiro, temos a impressão que outra pessoa brotou de dentro de nós, um nascimento espontâneo sem uma gravidez antecedente. 

Literalmente parimos o "ser apaixonado" que passa a habitar o escaninho de nossas almas. Por dias ou poucos meses o "ser apaixonado" toma posse do nosso corpo e sai por aí, vivendo intensamente, disfarçado de "nós seres centrados". 

O "ser apaixonado" nos faz sonhar sem críticas ou limites mundanos, faz-nos "malucos beleza" ou loucos elogiáveis. O corpo gera energia antes nunca experimentada, os toques desencadeiam sensações, no mínimo exóticas, a pele se veste de um frescor tão intenso que, ao caminharmos, temos a nítida certeza de que perfumamos as ruas da cidade. Desafiamos as leis, quebramos hábitos quase existenciais, esquecemos do trabalho, da família, dos amigos, das contas, dos prazos e de quem éramos antes de sermos contaminados pelo vírus da paixão. 

Se, por um lado, esquecemos de tudo sem nos darmos conta, por outro, lembramos a todo instante da grandiosidade de Deus! É isso mesmo, pois quando estamos em estado de paixão olhamos o mundo de forma bem peculiar: reparamos nos raios de sol do amanhecer, nos deslumbramos com o céu estrelado e o poder de iluminação da lua cheia, sorrimos mais, choramos o choro do prazer e tocamos o dedo de Deus ao aceitar incondicionalmente o "outro", objeto de nossa paixão, exatamente como ele é. E mais: imploramos que nunca, nunca mesmo ele mude. Mas, como tudo na vida muda (as marés, os ventos, o dias), a paixão também vai desbotando, esmaecendo suas tonalidades, perdendo o brilho, ganhando a palidez dos seres comuns, que vão desmaiar e por fim cair. 

Caiu, levanta! O "ser apaixonado" nunca sequer andou, ele sempre flutuou, plainou acima dos mortais e do bem e do mau. 

E agora que acabou, anoiteceu, a chuva inundou a cidade, os príncipes voltaram a ser sapos e as princesas se perderam em florestas ou foram trancafiadas em sótãos tristes? E agora José? 

Por incrível que pareça, você ainda tem o poder de escolha: ou deita, chora e reza para que o tempo cure as feridas, ou muda seu modo de ver e sentir o ocorrido. Afinal, tudo pode ser bom ou ruim e até assim, assim! Ruim é nunca ter se apaixonado, pior é ter se apaixonado e não ter se permitido chegar até a derradeira gota. Bom é ter a lembrança cinematográfica dos dias em que era herói de si mesmo e de seu cavalo que falava inglês e chinês. Ruim é não ter seguido a paixão e vivenciado em sua plenitude. Bom é ter feito tudo e saber que faria novamente, pois a paixão lhe fez livre, destemido e imbatível por todos, ainda que por pouco tempo. Ruim é se queixar a Deus por ter se apaixonado e, pior, culpá-lo por ter deixado a paixão ocorrer. Bom é agradecer a Deus pelos momentos inebriantes que lhe fizeram lembrar a juventude ousada e liberta, empoeirada no quarto de "cacarecos" do seu interior. 

Melhor ainda é descobrir que a paixão após os 40 anos não é igual às edições dos tempos juvenis. Mas para isso, você precisa vivenciá-la, porque a vida só vale a pena se tivermos uma grande história pra contar!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

MANCHAR OU PINTAR A BELEZA DE CADA MOMENTO?


Sem pedir licença, sem vergonha alguma você a descreveu com tanta ternura..., ai com tanto dengo...
Incrível como eu nunca a havia notado da forma como você a percebeu, para mim era uma mancha incômoda que você transformou em uma linda pinta...
Ai... Como as doces palavras fazem-nos esmorecer...!
Eu tinha uma linda pinta onde só um amante atento, tântricamente embevecido poderia vislumbrar e você foi magnânimo e foi único em restaurar sua condição.
Eu tenho uma linda pinta, linda, linda, linda que concretizam a máxima de que  pequenos momentos intensamente vividos se eternizam.

Hilzia Elane 21.11.2012

FAÇO MINHAS AS SUAS PALAVRAS DRUMMOND

A um ausente

Carlos Drummond de Andrade

Tenho razão de sentir saudade, 
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,

enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

JUST REMEMBER




Enquanto eu percebia e absorvia suas mãos entrelaçando minha pele tatuando-a numa busca desenfreada, absorvendo toda essência daqueles caminhos nunca esperados.
Eu meio confusa desabotoava sua blusa encharcada de desejo tamanho , vislumbrando pouco a pouco seu corpo alvo, pintado como o céu pelas estrelas.
Roupas deixadas descuidadamente nos caminhos  abertos pela selvageria da nossa urgência de estar dos lugares onde nos permitimos ser em essência.
Travesseiros soltos, lençóis dispostos a serem  desalinhados participando do vai e vem de paixões ardentes e desenfreadas.
Bocas murmurando palavras elegíveis e inteligíveis desnecessárias no momento de bocas absorvendo a doçura do momento.
Ah seus beijos, seu corpo, suas mãos polvoantes, sua entrega, minha entrega, nossos momentos, os momentos...
Ah tanta gente se esqueceu que as paixões são tão  importantes no alimento do amor universal! Poucos se lembram de permitirem momentos mágicos em suas relações, momentos criados, esperados que fazem tão bem a alma.
É tão difícil olhar o mundo e vê-lo sem ver que tudo mudou, que  tudo muda quando você vem para nós em versos, canções ou apenas nas lembranças lindas que perpetuam em meu coração.
Foi uma honra e um prazer recebê-lo na minha essência.

Hilzia Elane - 17 de novembro de 2012